MONTESSORI
E AS "CASAS DAS CRIANÇAS"
Cristiane Valéria Furtado do Nascimento
Márcia Andréa Soares de Moraes
Alunas do 2
o período do curso de Pedagogia
das Faculdades Integradas Simonsen
Maria Montessori era uma educadora italiana, nasceu em 1870 e
morreu em 1952. Doutorou-se em medicina pela Universidade de Roma. Aos
25 anos começou a dedicar-se às crianças anormais(*), na clínica da universidade citada acima.
Nessa época, Séguin era muito conhecido pelas suas idéias
relacionadas ao tratamento e à educação dos anormais. Montessori tomou
as idéias de Séguin como ponto de partida para o seu próprio trabalho.
Fez viagens de estudo à França e a Inglaterra.
Montessori mudou os rumos da educação tradicional, que dava
maior privilégio à formação intelectual. Emprestou um sentido vivo e
ativo à educação. Destacou-se pela criação de Casas de Crianças,
instituições de educação e vida e não apenas lugares de instrução.
Voltando para a Itália, passou a se dedicar à formação de
professores para a educação de anormais. Ela observava muito e por isso
descobria defeitos das escolas comuns e começou a experimentar em
crianças de evolução regular os procedimentos utilizados na educação dos
anormais.
Maria Montessori
O movimento da educação nova, na Itália, começou com a Dra
Maria Montessori e suas Casas das Crianças. Elas não visavam à
instrução somente, mas eram locais de educação e de vida; realizavam,
enfim, a educação completa da criança. A primeira "Casa dei Bambini", como era chamada na Itália, foi fundada em Roma, em 1907.
O método Montessori foi um dos primeiros métodos ativos quanto
à criação e aplicação, seu principal objetivo são as atividades motoras
e sensoriais visando, especialmente, à educação pré-escolar, trabalho
também estendido a segunda infância.
Mesmo considerando que o método Montessori surgiu da educação
de crianças anormais, ele está bem diferente, no mundo, na educação de
crianças normais. É um método de trabalho individual, embora tenha
também um caráter social, uma vez que as crianças, em conjunto, devem
colaborar para o ambiente escolar. O seu material é voltado à
estimulação sensorial e intelectual.
A primeira Guerra Mundial diminuiu o ardor pelo sistema de
jardim de infância e por todas as coisas alemãs. Paralelo a este
acontecimento, surgiu a técnica admirável da Dra Maria Montessori.
Faz-se importante citar que o movimento das Escolas Novas em
oposição aos métodos tradicionais, não respeitavam as necessidades e a
evolução do desenvolvimento infantil.
Os princípios da nova pedagogia inspiravam verdadeiras
reformas educacionais. Em 1946 ocorreu, em Paris, o primeiro Congresso
da Educação Nova. Os trabalhos apresentados refletiam nas realizações já
conquistadas, bem como destacavam os aspectos que ainda deveriam ser
conseguidos.
Neste contexto da Escola Nova, Maria Montessori, ocupa papel
de destaque pelas novas técnicas introduzidas nos jardins de infância e
nas primeiras séries do ensino formal. Seus jogos são atraentes e
instrutivos; apesar dessa contribuição da educadora e médica italiana,
ela não é a pioneira exclusiva do movimento, mas uma importante parte
dele.
Há mais de dois séculos atrás, surgiram pioneiros preocupados
com a liberação da criança, tentando inverter o ciclo vicioso vigente;
em vez do aluno girar em torno de uma instrução arbitrária, a escola
deveria girar em torno do aluno.
Foram os educadores médicos, que se constituíram na expressão
mais fiel dessa nova educação. São eles: Itard, Séguin, Montessori e
Decroly, porque eles reuniram as condições essenciais para que a reforma
educacional ocorresse.
Da educação terapêutica partiram para a educação das crianças
normais; seus métodos consideraram as fases de desenvolvimento infantil e
as diferenças individuais, preocupando-se com o corpo e o espírito do
aluno e o seu processo de adaptação à vida.
A obra de Montessori pelo envolvimento interior que buscou de
cada indivíduo diante do processo educativo, pelos meios elaborados da
sua proposta e sua relação dinâmica com o meio. Foi Ovide Decroly quem
realizou as suas concepções educacionais de maneira mais perfeita e
conveniente. Ele é a grande figura pedagógica de nossa época.
Na obra desses médicos-educadores percebe-se, com clareza, a
preocupação em conhecer a criança, senti-la nos vários aspectos de sua
personalidade, atender às diferenças individuais de modo que o educando
se liberte interiormente e livremente para que se adapte à vida social.
E a educação possibilitaria ao indivíduo ter as suas necessidades
satisfeitas e ao educador caberia criar condições para que o educando
atingisse essas metas. O trabalho e o jogo, as atividades prazerosas, a
formação artística, uma sociedade mais intensa colaboravam para
desenvolver a personalidade integral.
A ênfase de Montessori voltava-se mais para o ser biológico do
que para o social, destacando que a concepção educacional é de
crescimento e desenvolvimento, mais que de ajustamento ou integração
social, considerando que a vida é desenvolvimento, Montessori achava que
à educação cabia favorecer esse desenvolvimento. E a liberdade como
condição de expansão da vida constituía-se num princípio básico. Essa
concepção influenciava a organização do ambiente escolar; sem carteiras
presas e sem prêmios e castigos, a criança deveria manifestar-se
espontaneamente; o bem não poderia ser concebido como ficar imóvel, nem
o mal como ficar ativo. A atividade e a individualidade formavam,
juntamente com a liberdade, os princípios básicos do sistema Montessori.
O espírito da criança, para a educadora italiana, se formaria
mediante os estímulos externos que precisam ser determinados.
Referindo-se aos fundamentos da didática montessoriana, a
criança é livre, mas livre apenas na escolha dos objetos sobre que possa
agir. Esses objetos são sempre os mesmos e típicos para cada gênero de
atividade. Daí, o conjunto de jogos ou material que criou para os
jardins de infância e suas lições materializadas para o ensino primário.
(*) Termo utilizado na época. Atualmente usa-se a expressão "necessidades especiais".
Texto reproduzido com autorização das alunas
Cristiane Valéria Furtado do Nascimento e Márcia Andréa Soares de Moraes